terça-feira, 30 de junho de 2009

Eu e o Japão

Desde muito cedo tive contato com sentimentos como honra, hombridade, retidão de caráter. Mas quem não teve, certo?

Nem todo mundo, na verdade.

A diferença é que, tendo observado e convivido com alguns maus exemplos familiares tão perto de mim e, em paralelo a isso ouvindo, de minha mãe, as histórias de vida de outros familiares, de extrema integridade moral e decência, que acabei por absorver mais ainda desses sentimentos. Passei a adorar tudo que demonstrasse força, caráter e tudo já citado acima. Com isso acabei desenvolvendo uma personalidade que antes achava ser um problema, mas que só agora percebo o quão bem me faz.

Desde guri também já curtia o Japão. Nada muito alêm dos "Kamen Riders", "Jiraya","Cavaleiros do Zodíaco"... E samurais. A figura máxima dos ideais e tradição japonesa sempre me cativou. Pessoas que morriam para manter seu caráter imaculado, avesso a traições, mentiras, falsidade, todo e qualquer espécie de sentimento degenerado são, para mim o mais próximo possível da perfeição humana.

Vide Jesus.

Ao passo em que fui crescendo, comecei a ver e me interessar muito por animes e mangás. Não como algumas pessoas que tentam se tornar os próprios personagens ou coisas hardcore do tipo. Passei a observar que TODOS (animes/mangás) batiam na mesma tecla: amizade, honra, caráter, força para superar os obstáculos... Aparentemente estes sentimentos estavam enraizados na sociedade japonesa a tal ponto que os nipónicos continuavam a dar máxima credibilidade a eles mesmo depois de tantos anos do término do seu período feudal, onde samurais viviam lá e buscavam perfeição de corpo, espírito e caráter, e faziam questão de ressalta-los sempre, com intuito de se tornar e de tornar ao próximo em uma sociedade pura, idónea, em perfeita harmonia e equilíbrio consigo mesmo e com o mundo. Entretanto não sou ingênuo o suficiente de achar que geral no Japão é samurai, criança, velho, mulher, cachorro... Japonês mata, estrupa, é psicopata, é mal como em qualquer lugar do mundo. Só que em menor número.
Foi o suficiente para acender em mim uma paixão pela tradição e valores nipônicos. Não que eu "pague pau" pra japonês, de jeito nenhum. Mas acabei descobrindo que tenho muito mais em comum com a terra do sol nascente do que com a terra do Carnaval.

Acabei voltando meus planos do futuro para lá. Cursarei Direito com o objetivo de trabalhar lá e, quem sabe, viver também. Aprenderei Japonês para melhor me comunicar e ouvir. Inclusive até entrei num grupo de Taiko, o grupo Wado (和同, eis o blog: http://grupowadou.blogspot.com/), a princípio, para poder chegar lá mais rápido. Mal sabia eu que acabaria descobrindo uma grande paixão na atividade, que também é fundamentada nos mesmos valores que admiro e prezo.

Enfim, isto é Japão para mim. Não é desenhos de olhos gigantes, cabelos rosa, nem revistas preto-e-branco sendo lidas de trás para frente, ou jogos. Não é o fato deste país ser de primeiro mundo e eu, no meu humilde país de segundo-quase-terceiro mundo e vontade de viver em um lugar melhor, mais bonito, menos desigual e frio, querendo fugir das minhas responsabilidades para com minha pátria-mãe. Meu objetivo é viver lá sim, mas trabalhar de forma que eu possa ajudar o Brasil, aproximando-o deste pequeno arquipélago para que também ele possa aprender e valorizar os devidos atributos que tanto respeito no ser humano. Quem sabe assim minha terrinha tome um rumo menos obscuro do que este que vem tomando nos últimos anos.

sábado, 27 de junho de 2009

Rei do POP e Julgamentos

Dois dias atrás morreu um dos maiores ícones da história musical, Michael Jackson. O cara era indiscutivelmente foda, o melhor showman que já pude ver pisar em um palco. Fiquei realmente triste ao saber do fato, sempre gostei muito dele e das músicas, sem falar das performances maestrais em palco. Minha mãe, entretanto, ficou mais triste ainda, algo natural, já que dançou muito ao som de Billie Jean e Beat It nas boates da década de 70. É algo que fez parte da história dela, do seu passado. Fora que ela sempre gostou muito dele e se comoveu bastante pela história sofrida de vida que ele teve.

Enfim, hoje de tarde, indo para a reunião do grupo de taiko que faço parte, fui observando o mar e relembrando algumas músicas dele, bem como algo que havia ocorrido. No dia posterior á morte dele (dia 26), no trabalho, ouvi as mulheres que trabalham lá falar todo tipo de asneira possível sobre o ocorrido. "Já vai tarde", "pedófilo desgraçado", "sacana que não tinha orgulho de ser negro".

Não comentei nada.

Mas houve o ímpeto de fazê-lo.

Sou novo no trabalho e não posso criar inimizades desde já. Fora que algumas delas foram designadas para me treinar, em um tipo de trabalho onde existe a necessidade de lembrar de mil e um códigos numéricos e siglas diferentes (cadastramento processual). Obviamente criar uma indisposição no trabalho tão cedo não seria saudável para meu futuro lá. Na verdade dificilmente haveria um, se eu o fizesse. Portanto preferi por meu fone de ouvido e continuar o cadastramento dos processos de forma robótica como sempre vem sendo.

É assustadoramente incrível a capacidade humana de julgar os outros sem antes tentar entende-lo por completo, sem antes se por no seu lugar e pensar "o que eu faria se fosse ele, estando no seu lugar e vivenciando as experiências que ele viveu?". Já se tornou um mal-hábito automático. As pessoas não se dão ao trabalho de procurar ler um pouco, o mínimo que seja, sobre a pessoa em questão, ouve qualquer merda na TV, criado pela maldita manipuladora de mentes( a mídia) de negativo a respeito dela e pronto; a pessoa será rotulada pro resto da vida.

Isso é uma desgraça.

Eu, particularmente, não acredito que Michael seja pedófilo. Sabe-se lá o que se passa na cabeça de uma criança que, como eu, não teve uma infância sadia e normal. Enquanto eu jogava bola, nadava na piscina, ia jogar videogame com amigos, o cara estava treinando a exaustão absoluta e apanhando de um pai explorador e avarento, sem direito, às vezes, sequer de comer enquanto não alcançasse satisfatório sucesso em alguma música. Michael nunca teve amigos nesse tempo (talvez nunca tenha tido nenhum, de fato), não tinha com quem desabafar. Tolerava calado todos os dias, apanhando e sofrendo racismo do próprio pai. Então, surge a primeira notícia de pedofilia ligada a Jackson, o caso de Jordan Chandler, que foi uma farsa, mas que foi o suficiente para começar uma série de acusações de mesmo cunho em cadeia. E lá se vai o caráter e o dinheiro do astro.

Bem como, claro, o resto da pouca sanidade mental que restava nele.

Tentando sentir menos o racismo que deve ter sofrido a vida toda, tentou de alguma forma se tornar branco de pele, liso no cabelo e de feições mais finas. Sem uma pessoa próxima para conversar com ele e, de certa forma, lhe colocar limites, ele seguiu em frente, destruindo o próprio rosto e corpo. Não que eu ache errado a tentativa dele de mudar a própria aparência, mesmo que de forma tão radical. Não cabe a mim achar certo ou errado este tipo de coisa. Ele queria se sentir melhor, e buscou isso, apesar de não ter tido sucesso e, infelizmente, o efeito foi o contrário do que ele esperava. Provavelmente passou a sentir racismo de ambos, negros e brancos. Usando como pano de fundo a cena vista por mim no trabalho já comentada, onde as mulheres, a maioria absoluta negra, reclamavam de que ele tentou "virar branco, não tem orgulho de ser negro".

Ah, vá a merda, por favor.

É nessas horas que da vontade de parar o trabalho e perguntar "Vocês tem orgulho de serem negras? Tem né? Esse cabelo alisado aí também faz parte do seu orgulho né? Bem como o cabelo de suas filhas, que eu sei que também são. Vocês não têm moral nenhuma pra falar nada, porque se tivessem o dinheiro e a coragem que ele teve tentariam virar brancos também".

Mas sabe como é... Como todo bom brasileiro, abaixei minha cabeça e fingi não ter ouvido nada. O homem está morto, nada mais interessa a ele, nada mais o atingi, nem o preocupa. Quanto a mim, que ainda vivo, tenho de comer e ajudar em casa.

Desculpa ae Michael.

Saudades.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Ecce Homo

Eu sempre disse a mim mesmo que jamais criaria um blog na vida. Preconceito tolo de minha parte, é óbvio, que achava que blogs eram somente mais um dentre os vários meios de comunicação digital, onde pessoas comuns escrevem sobre suas vidinhas simples, seu cotidiano medíocre e experiências vazias, na maioria das vezes de forma abobalhada ou infantil e outras tentando passar um perfil de inteligência superficial ou falho.

A verdade é que continuo pensando assim. Obviamente, entretanto, não se pode generalizar.

Não sou frequentador de blogs, e nem precisaria ser para saber que há muito material bom por aí. Qualquer hora paro para dar uma garimpada pela net para encontrar algo decente de se ler. A questão é: este blog de quem vos fala se encaixa em algum desses estereótipos? Alias, antes mesmo disso: qual o objetivo deste simplório diário eletrônico?

Desde jovem costumo observar o horizonte. Não precisa ter um Sol se pondo, planícies verdejantes e nuves com formatos diversos. Até uma estrada, com carros fumacentos e barulhentos já serve para puxar minha atenção. As vezes observo puramente a beleza do lugar, do momento, quando possível e plausível. Quando não, apenas vago em pensamentos randomicos. Será que sou maluco?

Sou.
Mas você também é.

De qualquer forma, este blog nada mais é que um registro de minhas viagens mentais filosóficas, monólogos internos, fumações de maconha estragada... Irei escrever sobre coisas que encontrar de bobeira na net também. Se isso vai ser de interesse geral eu não sei( e provavelmente não vai), mas gostaria de que, lendo este diário as pessoas passem a observar um pouco mais o horizonte que há diante de .